Criado em junho de 2023, o programa Sorrir Sergipe vem trazendo informação e prevenção em saúde bucal para os sergipanos. Conduzido pelo Governo de Sergipe, a iniciativa tem o objetivo de auxiliar na detecção, diagnóstico e tratamento precoce do câncer de cavidade oral, mais conhecido como câncer de boca. O trabalho, que já percorreu diversos municípios, já rendeu mais de 300 atendimentos iniciais em apenas dois meses, e deve seguir promovendo assistência odontológica qualificada em todo o estado.
O projeto é assinado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Diretoria de Atenção Especializada e em parceria com a Fundação Estadual de Saúde (Funesa). Os atendimentos acontecem dentro da estrutura do governo itinerante ‘Sergipe é aqui’, onde os usuários têm a oportunidade de passar por avaliação e diagnóstico bucal em um local próximo às suas residências. Os pacientes também recebem kits de higiene bucal contendo escova, fio dental e creme dental, além de serem instruídos sobre a importância do cuidado com os dentes e a boca.
Durante a avaliação, os pacientes que apresentam lesões suspeitas ao câncer de boca passam pelo olhar direcionado de um cirurgião bucomaxilofacial e estomatologista, sendo encaminhados para atendimento no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO).
“A pessoa já sai do evento com data e hora marcadas para iniciar o tratamento no CEO, onde vai realizar biópsia para confirmação do diagnóstico. Se esse diagnóstico de câncer for confirmado, o usuário será encaminhado para a Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). A nossa Unacon de referência é a do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse)”, explica a referência técnica do programa, Fernanda Cosenza.
O usuário José Pereira da Conceição, atendido em Frei Paulo, aprovou o serviço. Após a avaliação, seu tratamento teve continuidade em um CEO estadual. “Fiz o exame da minha boca e graças a Deus fui bem atendido. Fui encaminhado para São Cristóvão, para fazer o tratamento. Não tenho o que falar, só tenho a agradecer a todos os que trabalharam para que isso fosse possível”, pontua.
Atendimentos
A primeira edição do ‘Sergipe é aqui’ da qual o Sorrir Sergipe participou ocorreu em julho, no município de Frei Paulo, agreste sergipano. Na oportunidade, foram realizados 87 atendimentos, com 11 encaminhamentos. A segunda edição ocorreu em Itabaianinha, sul sergipano, também em julho. Desta vez, 129 usuários foram atendidos, com outros 11 encaminhamentos. Na última edição, ocorrida em agosto em Itaporanga d’Ajuda, na grande Aracaju, foram 99 atendimentos e um encaminhamento.
“Atualmente, Sergipe se encontra entre os sete estados brasileiros com maiores incidências do câncer de cavidade oral, sendo o terceiro câncer que mais acomete o sexo masculino no nosso estado. Então, esse projeto surgiu como mais uma das ações estratégicas do Governo do Estado, que tem como propósito reduzir a incidência e a evolução do câncer de cavidade oral através da detecção precoce e do tratamento em tempo oportuno”, ressalta a coordenadora.
Além do cirurgião bucomaxilo, compõem a equipe do Sorrir Sergipe dentistas clínicos gerais e especialistas, auxiliar em saúde bucal e técnico em enfermagem. Antes de serem atendidos, os pacientes passam pela triagem documental e pelo preenchimento do prontuário, juntamente com a avaliação dos sinais vitais, com aferimento de pressão arterial, glicemia e temperatura.
O atendimento vem sendo realizado de 8h às 16h nos dias do ‘Sergipe é aqui’, por demanda espontânea. “Antes da ação, a gente vai ao município e conversa com as equipes locais, para que os profissionais da saúde já avisem sobre o projeto. Também convidamos os usuários que estão sendo atendidos na Carreta do Homem, já que é um público com a faixa etária e a característica de maior incidência do câncer de cavidade oral: homens acima dos 50 anos. Ou seja, também fazemos uma busca ativa enquanto está ocorrendo o evento”, acrescenta Fernanda Cosenza.
Prevenção
A referência técnica do Sorrir Sergipe alerta para os perigos do câncer de boca. “É um câncer extremamente mutilador, porque tem evolução rápida que pode levar à retirada de parte do lábio, língua e/ou mandíbula. Isso acaba sendo um excludente social, porque a pessoa se sente envergonhada de ter aquela alteração em um lugar tão visível quanto a face”, informa.
Por esses motivos, a informação é fundamental. “Muita gente pensa que estar com uma ferida na boca por mais de 15 ou 20 dias é algo normal, mesmo que a ferida não cicatrize. Manchas vermelhas, nódulos na boca, sangramento espontâneo, mudança da posição dos dentes sem uma causa aparente, inchaço na mandíbula, dificuldade de falar, mastigar e/ou engolir… Todos esses são fatores de risco. Inclusive, muitos deles estão associados ao consumo excessivo de bebida alcoólica e ao tabagismo. Também há a exposição prolongada ao sol sem proteção e a não vacinação contra o HPV. É por isso que precisamos chamar a atenção da população”, salienta Fernanda.
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