Os recursos minerais desempenham um papel importante para a indústria e o desenvolvimento econômico. Dentre eles está o ferro, um recurso versátil, de baixo custo, alta disponibilidade e boa resistência mecânica. Em Sergipe, uma das empresas responsáveis pela fabricação de materiais de construção à base aço, liga composta por ferro e carbono, é a Ferrocorte, localizada no Distrito Industrial de Nossa Senhora do Socorro há dez anos, e implantada com benefícios do Governo do Estado provenientes do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI).
A empresa é integrante de um conglomerado da Ferrocorte do Piauí, e é especializada na confecção de treliças, vergalhões, estribo, corte e dobra, coluna soldável, telhas e barras de ferro para a construção civil, entre outros. Com o auxílio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) e da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise), através de benefícios fiscal e locacional, a indústria pôde se estruturar em Sergipe e expandir o negócio.
“A gente tem o incentivo locacional da área e também o incentivo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). É uma condição diferenciada de sobrevivência extremamente importante nesse mercado agressivo. O nosso produto é commodity, que tem vários fabricantes e outros players aqui no mercado, e fora também. Mas, com esse incentivo de ICMS mais o incentivo locacional, deixa a gente bem competitivo para estar trabalhando”, relata o sócio da Ferrocorte no estado, Sandro Roberto Ramos, sobre as garantias proporcionadas pelo programa conduzido pela Codise.
Empregos gerados
Atualmente, a empresa atende construtoras do interior e da capital de Sergipe, além de Bahia e Pernambuco, e emprega cerca de 70 funcionários diretos. São empregados, ainda, prestadores de serviço na área de segurança alimentar, do trabalho e patrimonial. Petrúcio José de Lima trabalha neste segmento há 17 anos, e está na Ferrocorte desde a sua fundação. Ele não se imagina atuando em outra área e, de acordo com o próprio, “quando falo da indústria, meu coração brilha”. Como muitos na empresa, ele iniciou como auxiliar de produção, depois operador de máquina e agora é encarregado pela produção.
“Barulho de máquina e transformação é algo que me faz ficar encantado. Para mim, é vida. Ainda mais nessa empresa. Ela tem uma visão e uma cultura de dar oportunidade. Vejo muitas pessoas que entram em empresas sem saber de nada, mas vão se desenvolvendo e se tornam operadores de máquinas ou supervisores, como eu. É encantador ver a evolução da empresa e das pessoas que estão colaborando”, informa o supervisor de produção da Ferrocorte.
Benefícios ofertados
Um dos diferenciais de Sergipe para a atração de indústrias é o PSDI, um dos mais atraentes programas de incentivos do país. Para a instalação da Ferrocorte, foi concedido apoio fiscal e locacional. O fiscal abrange o diferimento do ICMS nas importações do exterior de bens de capital, bem como do diferencial de alíquota nas aquisições feitas por empreendimentos industriais novos. Já o locacional é realizado através da cessão ou venda de terrenos ou galpões para implantação de empreendimentos industriais.
De acordo com o informativo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIB), o setor prevê um crescimento de 2.5% para o ano de 2023. “Trata-se do setor que criou mais empregos com carteira assinada no Brasil nos primeiros meses de 2023. E a Ferrocorte é um recorte desse cenário em Sergipe”, pontua o secretário da Sedetec, Valmor Barbosa.
O presidente da Codise, Ronaldo Guimarães, avalia como positiva a presença de empreendimentos do segmento da construção civil no estado. “É uma área que está voltando a crescer, e nós temos o total interesse de que a Ferrocorte possa expandir ainda mais o seu negócio, e que novas empresas possam enxergar Sergipe como um destino para ampliar seus investimentos”, afirma.
Produção e inovação
A empresa é responsável pela fabricação e transformação de produtos que são variações do ferro voltados para a construção civil. Além deles, a Ferrocorte está implantando, ainda este ano, uma formadora de tubos, visando a expansão do negócio. “Vamos fabricar aqui tubos industriais que são os famosos metalons redondos, quadrados e retangulares. Queremos aumentar esse mix a partir do segundo semestre”, detalha Sandro Roberto.
O processo de produção é composto por várias etapas. Por este motivo, a empresa é conhecida pela fabricação e transformação. Além disso, a produção da indústria acontece conforme demanda das construtoras, através da leitura e interpretação do projeto de acordo com o pedido do cliente, sem gerar desperdícios.
“Não há desperdício porque o corte-dobra é um sistema que tem 100% de aproveitamento do projeto. Antigamente, tínhamos que comprar barra e existia uma sobra de material. Hoje, não. A gente pega um rolo, passa pelas máquinas, que são estribadeiras automáticas, e já saem de acordo com projeto”, explica o supervisor de produção da Ferrocorte, Petrúcio José de Lima Ramos.
Além disso, a fábrica também utiliza inovações tecnológicas para o aprimoramento do processo de produção da indústria, gerando impactos positivos. A empresa investiu nos estudos de alguns colaboradores para buscar a modernização do pátio fabril. Segundo o sócio do empreendimento, o uso da tecnologia é um divisor de águas para qualquer negócio. “
Vejo com bons olhos esse investimento que estamos fazendo. Hoje, não existe empresa sem tecnologia, é preciso se adequar às realidades que tem no mercado. Se não buscar essas ferramentas, você fica ultrapassado e perde competitividade”, informa Sandro Roberto.
Valmor Barbosa frisa ainda que a Ferrocorte se destaca no estado pelo investimento em inovações tecnológicas. “É importante que as empresas tenham essa visão e que invistam nos seus funcionários, pois, consequentemente, estarão investindo no seu negócio”, observa.
Leia também: Pernambuco obtém financiamento de R$1,7 bilhão pela Caixa